A importância da Fisiologia do Exercício Físico

A Fisiologia do Exercício Físico é uma área de conhecimento derivada da Fisiologia, na qual surge da influência de vários campos de estudos tradicionais como anatomia, biofísica, biologia celular e molecular, química, bioquímica, fisiologia, farmacodinâmica, imunologia, microbiologia, neurobiologia, genética, nutrição, patologia e, até mesmo, evolução e antropologia. Na qual cada uma dessas disciplinas contribuem para compreensão da estrutura e função do corpo humano durante a atividade física, exercício físico e esporte. Todo esse conhecimento é aplicado no âmbito da saúde, das doenças e do alto rendimento esportivo.

O estudo do Exercício Físico surgiu, principalmente, no início da Grécia e Ásia Menor, com grandes pensadores como Susruta, Heródico, Hipócrates e Galeno. O exercício físico tem sido considerado essencial para a saúde por milhares de anos desde culturas mais antigas. O médico grego Hipócrates é um dos primeiros e mais conhecidos proponentes do exercício físico. Ele recomendou exercícios moderados para manutenção e melhora da saúde. Outros estudiosos antigos proeminentes ao longo da história seguiram o exemplo, incluindo Platão, Aristóteles e o médico romano Galeno, que acreditava que o exercício melhorava a saúde geral, o metabolismo e o tônus muscular, além de melhorar os movimentos intestinais. Mais tarde, o médico persa Avicena também escreveu em apoio a Galeno no texto médico Cânone da Medicina. Avicena acreditava que o exercício equilibrava os quatro humores do corpo, que era uma idéia popular na época e transmitida desde a Grécia Antiga.

No século 16, por volta do início da Revolução Científica, os médicos escreveram livros sobre exercícios físicos. Um dos primeiros livros conhecidos sobre exercícios foi o Livro do Exercício Corporal, escrito pelo médico espanhol Cristobal Mendez. Em seu livro, Mendez discutiu os benefícios, tipos e valores do exercício físico, juntamente com exercícios comuns e porque eles eram importantes para serem executados. No século 19, alguns livros de medicina começaram a incluir capítulos sobre exercícios. Os efeitos negativos da falta de exercícios, incluindo má circulação, fraqueza e aumento da probabilidade de doenças, tornaram-se mais conhecidos. À medida que a importância do exercício físico se tornava cada vez mais importante, as escolas também começaram a oferecer aulas de educação física, que exigiam que os alunos realizassem exercícios por um determinado período de tempo todos os dias.

Frase de Hipócrates sobre o exercício físico. Em português: “Se pudéssemos dar a cada indivíduo a quantidade certa de alimentação e exercício físico, teríamos encontrado o caminho mais seguro para a saúde”. Fonte: https://www.azquotes.com/quote/533856

Mas o termo “FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO” começou a ser utilizado, de fato, em meados do século XIX com médicos pesquisadores como Robert Tait McKenzie, William Byford, Edward Hartwell e Fernand Lagrange, que buscavam compreender os processos fisiológicos durante o trabalho muscular. A palavra fisiologia vem das palavras physis (“natureza”) e logia (“estudo”), enquanto que a palavra exercício vem do latim exercitus, “impulsionar”. Logo, de natureza única, não somente estudaram e publicaram seus estudos como incentivaram outros pesquisadores a mergulhar nessa área até os dias atuais.

O primeiro verdadeiro livro de fisiologia do exercício físico, “Exercise in Education and Medicine”, do Dr. Robert Tait McKenzie, foi publicado em 1910. Laboratórios dedicados ao estudo da fisiologia do exercício também foram estabelecidos no século XX. Estes incluíram o Laboratório de Fadiga de Harvard, inaugurado em 1927, e o Laboratório de Pesquisa de Aptidão Física da Universidade de Illinois, inaugurado em 1944. Essas escolas conduziram numerosos estudos com fadiga, alterações cardiovasculares durante o exercício, consumo de oxigênio pelo corpo e os efeitos de treinamento. Em 1948, o Journal of Applied Physiology começou a ser publicado. Esta revista publica até os dias atuais pesquisas revisadas por pares em fisiologia do exercício. Embora contribuam muito para a nossa compreensão dos efeitos do exercício, os laboratórios de fisiologia do exercício também treinaram vários cientistas que fundariam seus próprios laboratórios de fisiologia do exercício em universidades e escolas médicas em todo o mundo.

Podemos separar em dois objetivos distintos da fisiologia do exercício:

-O uso do exercício físico para entender e compreender melhor como o corpo humano funciona.
-O uso do conhecimento em exercício físico para desenvolver atividades e programas que estabelecem, mantêm e promovem a aptidão física do indivíduo.
Logo, por exemplo, saber como seu corpo responde a sessões de exercício físico de curto prazo e como a pessoa se adapta a sessões repetidas de exercício físico ao longo do tempo pode ter um impacto profundo em sua saúde e ajudá-la a alcançar um nível mais alto de condicionamento físico e/ou saúde a longo prazo.

Layene Peixoto Barros e Hugo Tadashi Kano: fisiologistas do esporte
Layene Peixoto Barros e Hugo Tadashi Kano: fisiologistas do exercício físico

E quem pode atuar na área de Fisiologia do Exercício Físico ?
Os profissionais da área da saúde: médicos, profissionais da educação física (treinadores), fisioterapeutas, nutricionistas, biomédicos, psicólogos e profissionais da farmácia. Os fisiologistas do exercício desempenham papel crucial na saúde e bem-estar das pessoas. Para tanto, os fisiologistas devem estar muito bem capacitados, no qual cada um deles utilizará as aptidões específicas de cada profissão voltadas para a fisiologia do exercício físico.

Os fisiologistas do exercício podem trabalhar em uma variedade de ambientes não clínicos ou clínicos. Cenários não clínicos incluem academias, organizações comunitárias e academias corporativas. Os fisiologistas do esporte podem trabalhar em centros esportivos particulares ou até mesmo para organizações esportivas profissionais (exemplo: centro olímpico). Os fisiologistas clínicos podem ser empregados por hospitais, instalações comunitárias e lares de idosos. Muitos fisiologistas do exercício iniciam carreiras em treinamento pessoal, permitindo que trabalhem com clientes individualmente por um longo período de tempo para ajudá-los a progredir na melhora de sua saúde.

Também é possível atuar na área de pesquisa científica. Embora seja necessário um doutorado para chefiar um laboratório de fisiologia, aqueles com diploma de bacharel podem se tornar técnicos de pesquisa e aqueles com mestrado podem progredir para assistente de pesquisa ou gerente de laboratório. Nessas posições, os fisiologistas do exercício realizam pesquisas sob a supervisão de professores e/ou cientistas. Eles podem trabalhar em ambientes de laboratório em universidades, hospitais ou na indústria.

O profissional com especialização/ênfase em Fisiologia do Exercício Físico representa a Ciência Aplicada em diversas áreas relacionadas à “atividade física-exercício físico-esporte”. Portanto, é o profissional que está em constante atualização do conhecimento e oferece a devida retaguarda para a ciência do exercício físico e do esporte. Adicionalmente, vale ressaltar que nos tempos atuais, temos epidemias e, até mesmo, pandemias de diversas doenças, dentre elas: Obesidade, Diabetes e Doenças Cardiovasculares, nas quais o exercício físico é estratégia de prevenção e tratamento dessas doenças. Por isso a Fisiologia do Exercício Físico apresenta tamanha relevância e profissionais dessa área ganham cada vez mais importância.

Quaisquer dúvidas e parcerias, estou à disposição, Hugo Kano Fisiologista do Esporte.

Assessoria esportiva Hugo Tadashi Kano

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